QUANDO TEVE A IDEIA DE INVENTAR A COR DA PAIXÃO, DEUS INVENTOU O VERMELHO E, COM ESSA COR, PINTOU NOSSOS CORAÇÕES... (da amiga e colorada Rosane)

sexta-feira, 1 de junho de 2012

D'ALESSANDRO É DESTAQUE NO SITE DA FIFA


Na semana em que completou 12 anos de carreira, o meia D'Alessandro concedeu uma entrevista exclusiva ao site oficial da Fifa que foi publicada nesta quarta-feira. 


As adaptações constantes de D’Alessandro


Aos 31 anos, o argentino Andrés D’Alessandro já precisou se adaptar a muita coisa: ao futebol de Alemanha (Wolfsburg), Inglaterra (Portsmouth) e Espanha (Zaragoza); ao fato de ser um jogador do vizinho e rival brilhando em solo brasileiro, pelo Internacional; e a passar de promessa a realidade a um jogador ligeiramente deixado pela seleção argentina. Ele falou sobre isso, sobre a emoção de disputar os Jogos Olímpicos e como ainda acompanha com carinho o River Plate nesse papo com o FIFA.com.


Você já falou algumas vezes sobre o sonho de conquistar o Campeonato Brasileiro. Como avalia o nível do torneio hoje?
Quem assiste ao Brasileirão há anos claro que pode falar mais, mas, desde que cheguei, o nível técnico tem sido altíssimo e, aliás, cada vez mais alto. Num país como este, que produz tanto talento, a qualidade nunca deixa de existir. Sempre vai existir. E é exatamente assim: toda equipe, sem exceção, tem jogadores diferenciados, com capacidade para decidir um jogo. O Campeonato Brasileiro, nos últimos anos, se tornou uma batalha incrível: antes do início são 10 ou 12 equipes lutando pelo título; equipes realmente grandes, com obrigação constante de vitórias. Nesse sentido, o Brasileirão é diferente da maioria das ligas do mundo. Talvez a única que se aproxime, nesse sentido, seja a argentina.


Entre esses talentos que você tem acompanhado está o Neymar. Para você, que viu de perto o desenvolvimento de Lionel Messi, como o santista se compara com o melhor do mundo?
O Messi está completamente fora de qualquer grupo. Para mim, é, de longe, o melhor do mundo. Um degrau abaixo vem o Cristiano Ronaldo. O mais incrível do Messi é que não só tem sido espetacular como o tem sido há anos. Manter esse nível por tanto tempo é algo fora de série. E é justamente isso que também tem me chamado a atenção no Neymar: já faz algum tempo que ele se mantém num nível altíssimo e, apesar de cada vez chamar mais atenção dos marcadores, está cada dia jogando melhor; sempre mostrando mais e mais e nunca deixando de e divertir jogando futebol, o que não é nada fácil. Em algum momento, ele precisará dar o passo rumo à Europa, mas seu progresso até aqui tem sido impecável.


Você viveu na pela essa mudança de continente. O que há de mais complicado?
O Neymar tem uma vantagem em comparação com o meu caso que é o fato de as pessoas já o conhecerem internacionalmente. Então, ele já deve ir para uma grande equipe e, a princípio, já chegar para jogar, como titular. Claro que é um futebol diferente do daqui, mas com isso tenho certeza que alguém talentoso como ele se acostuma. O que acho realmente difícil é se adaptar a uma nova vida: um novo idioma, outra cultura, outro dia a dia. O mais complicado, ao mudar de país, é se sentir bem.


Como você compararia as três ligas europeias em que jogou?
O fato de estar num país de cultura mais parecida ajuda muito, e foi isso que aconteceu comigo na Espanha. O difícil lá é que Real Madrid e Barcelona são bolhas que independem de como anda a situação no resto do campeonato – como hoje, por exemplo, que as dificuldades financeiras do país têm causado problemas à maioria dos outros times. Na Alemanha, é tudo muito estudado; tudo incrivelmente organizado, dentro e fora do campo: mesmo as equipes menores têm estádios modernos, bonitos; gramados bons. E na Inglaterra também é parecido, com a diferença que o futebol é talvez de menos força e mais rápido. É lá onde estão, no geral, os melhores jogadores.


Você tem o sentimento de que poderia ter alcançado mais em sua passagem pelo futebol europeu?
Sinceramente, não. Minha cabeça é muito aberta com relação a isso. Nunca joguei em nenhum clube realmente grande da Europa, mas tive grande experiências em equipes como o Portsmouth, por exemplo: cheguei lá com o time em penúltimo, a 11 pontos da salvação, e acabamos nos salvando graças a um empate com o Arsenal na última rodada. Mas essas coisas, claro, as pessoas não veem; mal ficam sabendo. Eu sei quantas coisas lindas vivi na Europa e quanto cresci com essas passagens. O futebol mudou muito nos últimos tempos e há muitas ligas onde é difícil encontrar equipes que joguem com um meia-armador, que é minha posição original. Tive que me adaptar, e isso serviu para que eu aprendesse outras funções: na Inglaterra, por exemplo, joguei aberto pela esquerda e, na Espanha, pela direita.


Você esteve afastado da seleção argentina de novembro de 2010 até os amistosos diante do Brasil em setembro de 2011 e, desde então, não foi mais chamado. Perdeu as esperanças de voltar a vestir a albiceleste?
Não, as esperanças eu não perdi, mas já faz algum tempo que não sou chamado e, com isso, as prioridades passam a ser outras. Quero seguir jogando bem no Inter e, se as oportunidades retornarem, será fantástico. Depende de eu ter uma boa temporada aqui.


Para isso, o fato de jogar no Brasil atrapalha?
Eu estou perto... Claro que lá na Argentina não se podem ver todos os jogos do Campeonato Brasileiro, mas nunca se sabe. Sei que não estou na Europa, mas, dentro da América do Sul, é o melhor nível de futebol que se pode encontrar.


Na sua opinião, por que a seleção argentina ainda não conseguiu uma sequência de boas atuações?
O que nós mais temos é qualidade, disso não há dúvida. Mas não há tempo para se trabalhar esses grandes jogadores. Temos o mais importante, que é o melhor jogador do mundo. Agora, a questão é cuidar bem dele e, a partir disso, formar um grupo.


Junto de gente como Carlos Tévez e Javier Saviola, você participou e conquistou o Torneio de Futebol Masculino de Atenas 2004. É uma ocasião especial?
É espetacular. E não só porque é um dos maiores títulos que se pode almejar, depois da Copa do Mundo, mas porque é uma experiência completamente nova para se viver, sendo jogador de futebol. A gente vive algumas coisas que lembram as categorias de base: de estar num alojamento, almoçar num refeitório... É um espírito amador muito saudável. Respira-se esporte graças ao contato com gente das outras modalidades.


Houve algum encontro especial na Vila Olímpica em Atenas?
A gente viu, por exemplo, o (tenista Roger) Federer. Eu só não pedi para tirar uma foto com ele porque tive vergonha. (risos) Também as meninas do hóquei sobre a grama e o pessoal do basquete argentino, que conquistou a medalha de ouro: o (Emanuel) Ginóbili... É incrível estar com toda aquela gente. Tem que aproveitar.


Como jogador formado pelo River Plate, você tem acompanhado a campanha da equipe na segunda divisão argentina?
Mas é claro! Eu assisto a todos os jogos do jeito que posso e acho que vamos conseguir subir. O time se manteve o tempo todo ali, na zona de classificação. O duro é que, na segunda divisão, ninguém joga de igual para igual contra o River: todo mundo se fecha e vai para o contra-ataque. Aí, se o gol não sai nos primeiros 20 minutos, a torcida começa a cobrar e a pressão fica enorme.


Você já tem mesmo planos sobre onde encerrar a carreira?
Eu sempre disse que a minha ideia é voltar ao meu país e terminar minha carreira no River, o clube que me deu tantas coisas quando era jovem e que me fez estrear como jogador profissional. Isso embora o Inter, sem dúvida, tenha passado a ser, junto com o River, um clube muito importante na minha vida pessoal e esportiva. Seguramente, no dia em que tiver que deixar o clube não será algo fácil.


E, quando chegar esse dia de deixar os gramados, já pensou no que fazer? Ser técnico, talvez?
A minha ideia é seguir ligado ao futebol e tentar passar tudo o que aprendi como jogador em outra função. Ainda não sei em qual. O importante, e o que tenho claro, é que quero seguir perto do futebol.

Fonte: Internacional

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