QUANDO TEVE A IDEIA DE INVENTAR A COR DA PAIXÃO, DEUS INVENTOU O VERMELHO E, COM ESSA COR, PINTOU NOSSOS CORAÇÕES... (da amiga e colorada Rosane)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

D'ALESSANDRO: ARGENTINO, MAS COM CORAÇÃO COLORADO!


Por Felipe Silveira
* Matéria publicada na edição nº 56 da Revista do Inter
Maestro do time. Esta tem sido a definição que melhor exprime a importância de D’Alessandro para o Inter. Dos pés do meia-atacante argentino de 29 anos nascem jogadas agudas no plano ofensivo e muitos dos gols marcados pelo time colorado. Desde o segundo semestre de 2008 no Beira-Rio, ‘El Cabezon’ foi peça fundamental nas principais conquistas recentes do Clube, como a Copa Sul-Americana e o bicampeonato da Libertadores da América. D’Ale foi criado no River Plate, onde atuou por 15 anos, mas ao defender o Inter em mais de cem partidas, passou a viver de forma intensa a paixão pelo Campeão de Tudo. “Aqui no Inter conquistei tudo o que não consegui no River. O que fica para a história são os títulos”, define o próprio jogador.
Futebol no sangue
Como todo grande jogador, Andrés Nicolás D’Alessandro aproximou-se do futebol desde muito cedo. Influenciado pelo pai, ‘Andresito’, como era chamado quando pequeno, já arriscava dribles em uma quadra de baby fútbol – esporte similar ao futsal praticado principalmente na Argentina e Chile – aos 5 anos de idade. O caráter era apenas lúdico, sem nenhum aspecto competitivo, porém o garoto já mostrava uma habilidade incomum com a canhotinha que viria a fazer história anos mais tarde.
“Desde que nasci aprendi a gostar de futebol. Meu pai também jogava de forma amadora, como lateral-esquerdo, então sempre me influenciou muito”, recorda. Nascido no bairro La Paternal, em Buenos Aires, D’Alessandro também gostava de jogar futebol de rua com os amigos, os quais mantêm contato até hoje. Sua família também vive no mesmo lugar desde então. “As pessoas do bairro me conhecem desde pequeninho, e as minhas amizades continuam as mesmas de 15 anos atrás”, conta o argentino.
Uma vida no River
Foi no tradicional clube da capital portenha que ele iniciou sua carreira. D’Alessandro chegou aos 8 anos de idade ao Monumental de Nuñez e passou por todos os times das categorias de base até chegar à equipe profissional. Ao todo foram duas décadas e meia defendendo o River Plate, clube pelo qual foi tricampeão argentino (2000, 2002 e 2003). D’Ale já despontava como um jogador habilidoso, ainda que atuasse de maneira diferente da de hoje em dia. “Anos atrás não tinha a posição de meia. Na Argentina eu jogava pela esquerda em uma linha de quatro. Era uma tática tradicional que se utilizava nos times de base”, destaca o jogador.


Sucesso na Seleção
D’Alessandro integrou desde cedo a Seleção Argentina. A personalidade forte que sempre o acompanhou ao longo da carreira, aliada à qualidade técnica do seu futebol, não passaram despercebidas pelo técnico José Pekerman. Em 2001, aos 19 anos, foi chamado de última hora pelo treinador para disputar o Mundial Sub-20. Ficou com a camisa 15 – número que inclusive o acompanharia nos próximos clubes –, que pertencia a um companheiro que se lesionou quatro dias antes da competição. Ela deu sorte e D’Ale foi campeão. Em 2004, já sob o comando de Marcelo Bielsa, conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Grécia.
Camisa 10 pós-Maradona
Em alta na Seleção Argentina, foi convocado para disputar a Copa América de 2004, no Peru. Como estava vivendo um grande momento, o meia teve a honra de vestir a camisa 10, que estava ‘aposentada’ desde que Maradona havia parado de jogar. “Foi impressionante. A 10 tem uma mística especial, ainda mais na Argentina, por ter pertencido ao Maradona. Na minha posição, é a camisa que todo jogador sonhe em vestir”, orgulha-se D’Ale. A alegria só não foi maior porque a Argentina foi derrotada pelo Brasil na final decidida nos pênaltis.

Experiência na Europa
Destino da maioria dos jogadores que se destacam por seus clubes, D’Alessandro foi muito novo para a Europa. Aos 23 anos, transferiu-se para o Wolfsburg, da Alemanha, onde ficou por dois anos e meio. Em 2006, acertou com o Portsmouth, da Inglaterra. O time estava mal no campeonato nacional, lutando para escapar do rebaixamento, e somente na última rodada conseguiu se livrar do descenso. “Foi uma passagem marcante. Minha filha (Martina) nasceu nesta época na Inglaterra, por isso também não tem como esquecer”, recorda.
No começo da temporada europeia de 2006, D’Ale foi contratado pelo Real Zaragoza e realizou o sonho de jogar na Espanha. “Sempre gostei muito do futebol espanhol, além da cultura do país. No primeiro ano fomos bem e disputamos a Copa da UEFA, mas no ano seguinte tivemos uma queda de rendimento”, conta o jogador. Comprado pela Zaragoza, o meia foi cedido por empréstimo ao San Lorenzo, que disputaria a Libertadores de 2008. O time argentino caiu nas quartas-de-final para a LDU, que viria a ser campeã da competição. A partir de então, o Inter apareceu na vida de ‘El Cabezón’.
Plena identificação com o Inter
Após uma longa negociação entre Inter e Zaragoza, D’Alessandro foi apresentado como novo reforço do clube colorado no dia de julho de 2008, em uma concorrida entrevista coletiva. Um novo desafio surgia na carreira do argentino: o de jogar no competitivo e equilibrado futebol brasileiro. “Sempre admirei o jogador brasileiro, a alegria com a qual ele joga. Lembro bem da Copa do Mundo de 1994. Quando criança eu tinha as camisas do Rivaldo e do Romário. Também gostava de ver o Ronaldo e o Alex (do Fenerbahce) jogar”, revela. Sobre o Inter, D’Ale também tinha uma excelente imagem: “Havia acompanhado de perto as conquistas da Libertadores e do Mundial, em 2006. Tinha a real noção da paixão que o torcedor tem pelo Inter, da força do Beira-Rio lotado. Nada disso foi surpresa para mim quando cheguei aqui”, confidencia.
A empatia entre o ídolo argentino e os colorados sempre foi muito intensa. Antes mesmo de ele estrear, os torcedores já badalavam a sua contratação, vide-se o apoteótico desembarque do jogador no aeroporto, quando foi recebido por uma multidão. Dois meses depois de chegar ao Inter, o meia comandou uma histórica goleada de 4 a 1 sobre o Grêmio, pelo Brasileirão, ao marcar um gol e fazer os passes para os outros três. Ele voltaria a marcar mais duas vezes no clássico na temporada 2009, na primeira fase do Gauchão e no returno do Brasileirão. E, para não perder o costume, marcou no empate em 2 a 2, pelo returno do Brasileirão deste ano. Então nem é preciso dizer que o jogador caiu nas graças da torcida por ser o carrasco do maior rival. “Não consegui acreditar no carinho da torcida comigo. Me senti em casa desde o princípio. Hoje em dia até gremista chega na rua para me cumprimentar. Estou no lugar certo vestindo as cores do Inter”, comemora o camisa 10 do Inter.
Os títulos que faltavam
Tanta identificação com o Clube do Povo ficou ainda maior ao final de 2008, com a conquista do inédito título da Copa Sul-Americana. D’Alessandro foi um dos destaques do time que passou por difíceis adversários, como Boca Juniors e Estudiantes. E em 2010, o meia pôde erguer pela primeira vez a cobiçada taça da Libertadores da América. E D’Ale não foi um simples coadjuvante na campanha do bicampeonato: foi o maestro do time, sendo decisivo nos momentos cruciais da competição.

Do seu habilidoso pé esquerdo, tudo podia sair: dribles imprevisíveis e passes que abriam caminho para os gols. Ao final da decisão contra o Chivas Guadalajara, muito emocionado, o argentino avaliou a dimensão do título continental que havia acabado de conquistar: “Passei por vários clubes, mas aqui alcancei os principais títulos da minha carreira. Nunca vou esquecer do Inter”, desabafou.
Rei das assistências
Fazer gols nunca foi o principal objetivo de D’Ale. Para ele, servir um companheiro é muito mais importante. E foi com esta postura que o argentino construiu sua trajetória de futebol, sendo um articulador nato dos times pelos quais passou. Desde que chegou ao Inter, o jogador se notabilizou pelos precisos passes que resultavam em gols. “Meu trabalho é este. Claro que é muito bom marcar gols, mas nunca fui artilheiro. Fico mais contente ao deixar um companheiro na cara do gol”, destaca o meia, líder de assistências da temporada ao lado de Kleber, com dez passes.
La Boba: o terror dos zagueiros
Quando D’Ale está próximo à linha de fundo, ao lado da grande área, a chance dele colocar em prática o seu tradicional drible ‘La Boba’ é grande. O jogador não é afeito a entrar em detalhes sobre a execução do movimento, sob a pena de chamar a atenção dos adversários, mas o certo é que drible é muito eficiente. De frente para o seu marcador e com a bola colada no pé esquerdo, ele sugere um movimento brusco para o lado esquerdo, no entanto acaba saindo pela direita de forma surpreendente.

O nome ‘La Boba’ foi dado por um ex-companheiro de River Plate, o volante Eduardo Coudet, que já sofria nos treinos com a astúcia de D’Alessandro. “Gosto de driblar. É o meu futebol, a minha maneira de jogar. Nunca vou deixar de aparecer, pois na minha posição o time precisa que eu me faça presente”, afirma o jogador. Porém a experiência ensinou que o La Boba seja aplicado de forma objetiva. “O importante é fazer no momento certo, para deixar um companheiro na cara do gol ou para finalizar uma jogada. Aprendi isso com o tempo. Às vezes fazia no meio-campo, daí não dava”, conta.
De bem com a vida
Recentemente convocado pela Seleção Argentina para amistosos contra Espanha, Japão e Brasil, D’Alessandro vive um dos momentos mais especiais da carreira. Está muito bem adaptado a Porto Alegre ao lado da esposa Erica e dos filhos Martina, 4 anos, e Santino, 2 anos. “Se fosse pela minha mulher, nunca mais sairia daqui. Meus filhos estão bem na escola, até português eles já falam. Mas jogador não pode fazer planos a longo prazo. De qualquer forma, minha vontade é cumprir o contrato até o final”, ressalta. Sempre que pode, o jogador vai até sua cidade natal, onde tem um bar, o ‘Chapeau’, que é gerenciado pelo irmão no bairro de Palermo.


Ficha técnica:
Nome: Andrés Nicolás D’Alessandro
Nascimento: 15/04/1981 (Buenos Aires-ARG)
Partidas: 109
Gols: 19
Altura: 1m74cm
* Números atualizados até o dia 29/11/2010


Além de tudo isso ai ele também é um amor, gentil, simpático, simples e muito gente boa.

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