Carlos Guilherme Ferreira e Priscila Montandon mailto:carlos.ferreira@zerohora.com.br%20e%20priscila.montandon@zerohora.com.br
Gabriela Tays de Paula Souza, 18 anos, passou a segunda-feira recebendo telefonemas e mensagens em seu perfil no site de relacionamentos Orkut. Sua foto na capa do Caderno de Esportes de ZH de ontem causou surpresa. Amigos, parentes e até desconhecidos a procuraram. Na foto, a colorada aparecia nas arquibancadas do Beira-Rio. Mas quanto a isso não houve novidade. É que meninas como ela e a gremista Clara Freund, 24 anos, comprovam que as mulheres conquistaram seu lugar nos estádios da Dupla. Os números dão força à impressão da presença feminina. Sábado, no Beira-Rio, 11.709 torcedoras aproveitaram a entrada gratuita, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, e deram ares diferentes a um ambiente ainda dominado pelos homens. Para se ter uma idéia do feito de sábado, há jogos da dupla Gre-Nal nos quais o público total sequer chega a essa marca. A invasão feminina nos estádios se reflete no caixa dos clubes. No Grêmio, 10% do quadro social é composto por mulheres — no Inter, a proporção fica em 14%. Os dirigentes dos clubes apontam um cenário de crescimento, apesar de não disporem de dados concretos. Sabem, no entanto, que metade das associadas têm menos de 30 anos. Ou seja: o futebol atrai mulheres jovens, formando a base da torcida para o futuro. A Dupla investe em atrativos direcionados a esse novo público. Inter e Grêmio contam com grupos femininos sediados nos próprios estádios e destinados a atividades sociais, jantares, encontros e, claro, futebol. Ou alguém ainda acha que elas não gostam de bola rolando? O Núcleo de Mulheres Gremistas, com 80 integrantes assíduas, organiza excursões para jogos no Interior e até em Santa Catarina. Por vezes, faltam vagas nos ônibus. O Espaço Mulher Colorada, instalado no terceiro piso do Gigantinho, conta hoje com 40 voluntárias fixas. O grupo pretende montar um painel de discussão de futebol após o Gauchão. Tanto interesse, claro, reflete-se no marketing. As lojas dos clubes oferecem modelos femininos do uniforme especial e uma infinidade de outras peças, como baby-looks, regatas e shortinhos nas cores do time do coração. Foi-se o tempo em que a alternativa era camiseta de tamanho infantil da linha masculina. No Gre-Nal das vendas, há empate técnico: as consumidoras representam entre 30% e 40% do faturamento nas lojas oficiais dos dois estádios. O movimento maior acontece às vésperas dos jogos — indicativo de que as compradoras saem da loja direto para a arquibancada.
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