QUANDO TEVE A IDEIA DE INVENTAR A COR DA PAIXÃO, DEUS INVENTOU O VERMELHO E, COM ESSA COR, PINTOU NOSSOS CORAÇÕES... (da amiga e colorada Rosane)

sábado, 18 de setembro de 2010

ILAN SE ADAPTA A NOVA VIDA EM PORTO ALEGRE

O atacante Ilan não pode mais cultivar o hábito de treinar pela manhã, sestear no início da tarde e sair às 16h com a família para tomar um café com croissant em mesinhas de calçada pela pequena Saint-Etienne, perto de Lyon, na França. A rotina mudou. Agora, ele treina em dois turnos, e o tempo para os cafés vão se escassear. O que vale agora é ganhar vaga no time do Inter. Nem que seja pelo banco, hoje contra o Vasco.

— Nunca sonhei em Seleção, mas, se conseguir uma boa adaptação, a coisa vai mudar — desafia.

Adaptação, aliás, tem sido dureza. Há oito anos trocou o Brasil pelos franceses Sochaux e Saint-Etienne e pelo inglês West Ham. Desde então treinava uma vez por dia, apresentava-se no dia do jogo ou no aeroporto, não concentrava, não vivia confinado em hotéis. Tudo isso mudou.

Aos 30 anos feitos neste sábado, Ilan sacode a comodidade europeia. Deixou para trás uma rotina acolhedora. Convivia com a mulher francesa Nelly, a filha, Bianca, de um ano, na comodidade de Saint-Etienne, cidade de 200 mil habitantes, onde mantêm apartamento.

Aos fins de semana, em companhia do sogro, Jean-Paul Lavastre, um devorador de queijos, visitava os vinhedos do Vale do Rhône, uma das mais antigas regiões vitivinícolas da França.

O segredo era esse: provava os vinhos nas cantinas e aguardava para comprá-los nas feiras regionais, de preço mais barato. Levavam para a adega pelo menos 200 garrafas. Era o abastecimento do ano.

E o almoço é sem televisão e sem celular, porque é hora de conversar com a família reunida à mesa. O hábito adquirido na França embarcou com ele para Porto Alegre.

— Me identifique com os costumes deles (franceses) — conta.

Depois que partiu do Atlático-PR, em 2004, Ilan jogou dois anos no Sochaux e outros quatro no Saint-Etienne e, nesse período, aprendeu o francês em oito meses, sem aulas, só praticando na rua. Dois anos depois, já assistia a filmes sem ajuda da mulher.

— Me dei conta de que apreendia o francês quando passei a sonhar em francês. Parecia estranho, os diálogos eram em francês fluente nos meus sonhos — brinca Ilan.

Ele já tinha sido consultado pelo Inter em 2006. Poderia ter feito parte do time campeão da Libertadores. Mas, à época, recém chegara ao Saint-Etienne, não era possível o acerto.

O convite foi retomado no recesso para a Copa da África, já sob a administração Celso Roth, e o sim de Ilan veio após a conquista do bi da Libertadores. A situação era outra. O imposto de renda repentinamente pulara de 40% para 50% na Inglaterra, sem que ele fosse avisado pelo West Ham. A omissão criou um clima constrangedor com a direção, e o atacante aceitou a proposta brasileira.

— Vim para o Inter atrás dos grandes títulos e pela situação econômica do Brasil. Hoje, o padrão de vida aqui e na Europa é o mesmo. Mas no Brasil o custo de vida é mais baixo — compara.

Ilan pode estrear neste domingo, contra o Vasco. Ainda está em fase de adaptação ao Brasil e ao Inter. Bom nível intelectual, papo agradável, Ilan lembra Fernandão, que desembarcou no Beira-Rio em 2004 também vindo da França.

— Escolhi Porto Alegre porque é parecida com Curitiba (a cidade natal). Já me considero adaptado. Só falta jogar, estou inquieto.

Agora, quando sobrar tempo, ao menos o café com croissant estão garantidos.

Fonte: Clicesportes

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