QUANDO TEVE A IDEIA DE INVENTAR A COR DA PAIXÃO, DEUS INVENTOU O VERMELHO E, COM ESSA COR, PINTOU NOSSOS CORAÇÕES... (da amiga e colorada Rosane)

sábado, 21 de abril de 2012

DISPUTA POR OSCAR ACIRRA RIVALIDADE HISTÓRICA ENTRE INTER E SÃO PAULO


Poucos times têm tantas conquistas no futebol brasileiro nos últimos anos como Inter e São Paulo. De 2005 para cá, somados, eles abocanharam três Libertadores, dois Mundiais, três Brasileirões, duas Recopas e uma Copa Sul-Americana. A rivalidade, é claro, acirrou os ânimos entre dirigentes e torcedores. O Caso Oscar é apenas mais um elemento na briga entre os dois gigantes.


Da narração de Pedro Ernesto Denardin, na final da Libertadores de 2006, no Morumbi, quando ele gritou a plenos pulmões que Rafael Sobis com seus dois gols havia "rasgado a camisa do São Paulo e pisado nela", à guerra nos tribunais entre os dois clubes e Oscar para saber a quem pertence os direitos do jogador, qualquer questão envolvendo tricolores e colorados parece transformar-se em Gre-Nal. No Brasileirão do ano passado, por exemplo, uma pequena vingança paulista. O São Paulo goleou o Inter no Beira-Rio e derrubou o técnico Paulo Roberto Falcão e o vice de futebol Roberto Siegmann.     


O Morumbi, aliás, foi a fonte de inspiração para que o Inter passasse a ter uma gestão mais agressiva no futebol e, por consequência, desse início a cinco temporadas consecutivas com conquistas relevantes.


— O São Paulo sempre foi um modelo de gestão, de como cuidar das categorias de base e do clube como um todo. O Inter sempre observou os passos do São Paulo e, muitas vezes, sim, copiou o São Paulo — contou o ex-presidente do Inter Fernando Carvalho.


João Paulo Jesus Lopes, vice de futebol do São Paulo, admite que as disputas entre colorados e tricolores vem aumentando nas recentes temporadas. Nega-se a pronunciar a palavra "rivalidade" para tratar das duas instituições, mas admite as rusgas por interesses comuns.  


— Entendo que o Inter esteja sofrendo nesse momento por não poder utilizar o Oscar. Isso é porque o futebol é paixão e, por vezes, acirra os ânimos, mas o alinhamento entre Inter e São Paulo é muito grande. Temos o Inter como um clube de estrutura invejável — destaca Jesus Lopes. 




Como Oscar chegou ao Inter


Em 2009, durante uma reunião do Clube dos 13, o representante do São Paulo no encontro, Ataíde Gil Guerreiro, teria dito ao então presidente do Inter, Vitorio Piffero: "Temos um menino, uma joia em nossa base, que está em litígio com o clube. Teremos de vendê-lo, pois não queremos que ele vá para o Corinthians". A "joia" era Oscar, e o São Paulo já tinha um apontamento de que ele deixaria o Morumbi por meio da Justiça. 
O clube também tinha informações de que ele havia sido oferecido ao Corinthians. Temendo ver o meia no Parque São Jorge, o dirigente teria feito a oferta a Piffero. A versão é contada por Fernando Carvalho. O São Paulo não confirma. Meses depois, Oscar obteve a liberação judicial para deixar o time paulista. Foi contratado pelo Inter, sem custos.


— Sempre soubemos que tratava-se de uma contratação de risco. Mas, por se tratar de um fora de série, valia o investimento — disse Carvalho.


Em fevereiro, São Paulo reverteu o jogo na Justiça do Trabalho e desde então voltou a ter os direitos sobre o meia. Dentro de um mês, o processo deverá voltar ao TST, em Brasília. A tendência é que Oscar seja liberado para atuar pelo Inter, enquanto o processo sobre quem é o detentor dos direitos seguirá. Caso Oscar e Inter tenham sucesso nos tribunais, pagarão uma multa a ser determinada pela Justiça para que ele, enfim, possa ser jogador colorado. Se o São Paulo vencer, porém, Oscar custará o que o Morumbi quiser para vendê-lo. O certo é que o Inter vai encarar o Fluminense, nas oitavas de final da Libertadores, sem Oscar.


— O Caso Oscar não estragou a relação entre os dois clubes. Ambos têm interesses legítimos. O São Paulo em momento algum criou dificuldades para o Inter desde que o Oscar está em Porto Alegre. Mas, agora, trata-se de um interesse maior da instituição com relação ao jogador — afirmou Jesus Lopes.  


O Caso Lima


O São Paulo já era bicampeão Mundial quando encarou o Inter nas oitavas de final da Copa do Brasil de 1996. O confronto durou apenas uma partida: 1 a 1 no Beira-Rio — com gols do atacante Leandro Machado para o Inter e do zagueiro Bordon para o São Paulo. Mas o jogo da volta não ocorreu, porque o volante Lima (que depois fez carreira na Roma e no Lecce) havia disputado a fase preliminar da Copa do Brasil pelo Nacional, do Amazonas. Um erro infantil, que não combinava com a grandeza dos paulistas. Ao STJD, o São Paulo alegou que não houve má-fé na inscrição irregular. Não adiantou. O Tribunal limou a equipe da Copa do Brasil. O Inter seguiu adiante, mas caiu para o Flamengo, já nas quartas.


O "gato" de Sandro Hiroshi


Lembram do Sandro Hiroshi? Na péssima campanha do Inter em 1999, que culminou com a manutenção do clube na Série A graças a um gol de Dunga sobre o Palmeiras de Felipão na última rodada, o nissei colaborou com a salvação colorada. Denunciado por ter adulterado o documento de identidade, Hiroshi foi descoberto como "gato", e fez o São Paulo perder alguns pontos no Brasileirão.


O Botafogo havia sido derrotado pelo São Paulo e ingressou no STJD. No tapetão, ganhou os três pontos. Depois, o Inter fez o mesmo. Havia empatado em 2 a 2 com o São Paulo no Morumbi, mas, graças a uma o STJD, obteve mais um pontinho. Por que um ponto apenas? Porque, no entendimento do Tribunal, o São Paulo teria revertido para o adversário os pontos ganhos com Hiroshi em campo. Assim, os cariocas receberam três e o Inter, apenas um.


O retorno de Ricardo Oliveira


Não foram apenas os gols de Rafael Sobis, no Morumbi, nem a fala de Rogério Ceni, no Beira-Rio, que construíram a primeira Libertadores do Inter. Houve também um duelo nos bastidores. Ricardo Oliveira era o principal atacante do São Paulo para aquela final.


No jogo de ida, a derrota por 2 a 1 para o Inter, ele pouco fez, mas era a esperança para a tentativa de virada no Beira-Rio. Mas o empréstimo do atacante junto ao Bétis encerrava-se entre o mata-mata decisivo _ porque a Libertadores estendeu-se até agosto, devido à Copa da Alemanha.


O São Paulo, então, amarrou com o Bétis a seguinte situação: renovaria o empréstimo de Oliveira por mais seis meses, mas, ao final do primeiro mês, haveria a rescisão de contrato, e o seu retorno à Espanha para a temporada 2006/2007. A direção do Palmeiras denunciou a manobra e comunicou que isso poderia conter alguma irregularidade perante à Fifa _ podendo culminar com a suspensão do atacante até o fim do ano.


Dos gabinetes do Beira-Rio, um fax foi enviado e caiu diretamente na mesa de José León, presidente do Bétis, com informações sobre a possível sanção. Temendo uma punição, León chamou Oliveira de volta. O Inter atingiu a maioridade com um dramático 2 a 2.


Miranda interceptado no aeroporto


Perder a Libertadores no Beira-Rio mais a "questão Ricardo Oliveira" mexeu com o São Paulo. E com Muricy Ramalho. O troco viria logo após a Libertadores, e em forma de zagueiro. Miranda havia sido contratado pelo Inter, a fim de substituir Bolívar, então vendido ao Mônaco. Deixou Souchaux, na França, onde atuava, rumo a Curitiba, sua cidade natal. Depois, voaria para Porto Alegre e assinaria com o Inter. O lance é cinematográfico e verídico. Ao desembarcar em Guarulhos, a fim de pegar a conexão para o aeroporto Afonso Pena, o empresário Juan Figer e uma comitiva de dirigentes são-paulinos aguardava o zagueiro. Miranda não pegou o voo para Porto Alegre e, em dezembro, sagrava-se campeão brasileiro com o São Paulo. Índio e Fabiano Eller formaram a zaga colorada no Mundial.




A sedução de Guiñazu

Certo ou errado, o fato é que o Morumbi faz valer o seu poder de império, de clube que seduz jogadores com a oportunidade de títulos e bons salários, para reforçar o time. Foi assim em 2009, quando por pouco não tirou Guiñazu do Inter. Mesmo com contrato em vigor, o volante recebeu a oferta de R$ 1 milhão de luvas mais salários de R$ 250 mil.

O volante argentino estava com a cabeça no Morumbi. Chegou a pegar o elevador, ingressou na sala da direção e pediu para ir. Recebeu um incisivo "não". Permaneceu no Beira-Rio, seguiu dedicando-se em campo e, mais tarde, acabou ampliando o seu contrato até 2014. Entre as duas direções, acusações mútuas de "pirataria", e mais um capítulo nas rusgas entre colorados e tricolores.

A janela antecipada

Outra Libertadores, outro Inter e São Paulo valendo a Copa. Sim, porque quem passasse na semifinal enfrentaria o Chivas na decisão e já poderia encomendar as faixas — o que realmente aconteceu. Mas, até a chegada à semifinal, muita coisa aconteceu entre Inter e São Paulo e os bastidores da CBF e até mesmo em elegantes gabinetes suíços da Fifa.

Ocorreu que Fernando Carvalho descobriu uma brecha no regulamento da Conmebol que permitia a inscrição de 28 jogadores em vez de os tradicionais 25 atletas. O São Paulo reclamou. Mais: era ano de Copa, assim, havia uma pequena chance de a Fifa aceitar a antecipação da janela de agosto e permitir até três inscrições para a semifinal da Libertadores.

O Inter foi à Fifa para garantir as vagas de Tinga, Renan e Rafael Sobis — que na verdade pouco contribuíram no mata-mata contra os paulistas. Conseguiu e provocou a ira do Morumbi. No final, o Inter, que trocou Fossati por Roth, eliminou uma vez mais o São Paulo, avançou à final, e conquistou o bicampeonato.

Fernandão, o pacificador por Dagoberto

Antigo sonho colorado, Dagoberto já vestia vermelho e branco em outubro. Ao menos em pensamento. Foi naquele mês que ele e o Inter acertaram-se. O contrato com o São Paulo chegaria somente ao fim em maio de 2012, mas o jogador já considerava-se atleta do Inter. O problema: o São Paulo não havia sido comunicado. E o Inter precisava do atacante já para a pré-Libertadores, em janeiro.

Após trocas de farpas mútuas, Fernandão acabou escalado como pacificador. Jogador do São Paulo nas temporadas 2010 e 2011, o capitão do Mundial de 2006 pelo Inter intermediou as negociações para a liberação antecipada de Dagoberto. O Inter desembolsou R$ 1,4 milhão para contar com o atacante cinco meses antes de o seu contrato com o Morumbi chegar ao fim.
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