A relação dos clubes brasileiros com a Copa Sul-Americana sempre foi complicada. Começou com a ausência em 2002 e seguiu com a escalação de vários times reservas e mistos nos anos seguintes. Em 2008, a conquista do Inter sobre o hoje campeão da Libertadores Estudiantes, em um Beira-Rio lotado, elevou o prestígio do torneio no País.
A oitava edição da Sul-Americana, que já teve seis partidas disputadas, tem a estreia de brasileiros a partir desta quarta. Buscando o bicampeonato, o Inter só entra na segunda fase, enquanto outros oito times tentam repetir o feito colorado. – O título nos deixou em evidência na mídia, numa época em que não estávamos tão bem no Brasileiro, e tivemos a possibilidade de usar o termo "campeão de tudo". Recebemos recursos adicionais, vendemos mais camisas e a campanha de sócios teve novo fôlego. Ganhamos o direito de jogar no Japão (pela Copa Suruga), com a partida sendo transmitida para mais de 100 países, e consolidamos a marca no mercado internacional – explicou o vice de marketing, Jorge Avancini, segundo o site Globoesporte.com.
No entanto, o inédito título brasileiro na Sul-Americana não mudou tanto o comportamento dos participantes deste ano. Flamengo e Fluminense já anunciaram que usarão poucos titulares no clássico desta quarta no Maracanã. O primeiro está a três pontos do G-4 no Brasileirão, enquanto o segundo está na parte de baixo da tabela, lutando para sair da zona de rebaixamento. O vice-presidente de futebol rubro-negro, Marcos Braz, fica em cima do muro ao falar da disputa de duas competições ao mesmo tempo:
– A prioridade da Sul-Americana é a mesma da do Brasileiro. Mas vamos nos adequar e ver quem poderemos escalar. Não dei qualquer ordem para poupar, mas será que um jogador como o Pet aguenta? Tem que ver. De qualquer forma, a Sul-Americana tem boas cotas nas fases seguintes, até porque começa a atrair bons públicos.
O Atlético-MG, terceiro colocado no Nacional, também avisou que a Sul-Americana ficará em segundo plano. Mas nem todos usarão essa estratégia. No outro confronto da semana, Vitória e Coritiba prometem usar a maioria dos seus titulares na quinta. É o mesmo pensamento do técnico do vice-líder Goiás.
– Não vamos priorizar uma das competições, mesmo porque tive uma boa resposta dos jogadores quando disputamos duas partidas por semana no Brasileiro (com seis vitórias e uma derrota nas últimas sete rodadas). Vamos investir na Sul-Americana, que é importante para clubes, como o Goiás, que querem se firmar no cenário nacional – afirmou Hélio dos Anjos.
Seis dos nove representantes brasileiros na Sul-Americana têm um ponto em comum: trocaram recentemente de treinador. O primeiro foi o Fluminense, que contratou Renato Gaúcho há três semanas. Depois, foi a vez de Flamengo (com Andrade) e Atlético-PR (Antônio Lopes).
Na última rodada, três clubes mandaram o técnico embora. O Coritiba, que ficou sem René Simões, contratou Ney Franco, demitido no Botafogo. O clube carioca tirou Estevam Soares do Barueri e deixou o Vitória como o único sem técnico, após o adeus a Paulo César Carpegiani.
A edição deste ano não tem representantes do México, que se retiraram da disputa em represália à polêmica na Copa Libertadores devido ao surto no país da gripe A, em maio. Na ocasião, não houve acordo sobre os locais dos jogos de Chivas e San Luis como mandantes.
A missão de manter a hegemonia da Argentina – principal vencedora da Sul-Americana, com quatro títulos – está nas mãos de Boca Juniors, River Plate, Vélez Sarsfield, Lanús, Tigre e San Lorenzo.
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